quinta-feira

Desesperança

I

Por que a vida é podre?
Tem aquilo que eu não posso ter
Aí você já sabe o que passa dentro da TV
Estou aqui sozinho; não escuto e nem posso ver
Aí você já sabe que eu não quero te perder

 E, de repente, eu me sinto uma criança
E tudo acaba sem por quê
Eu já estou sem nenhuma esperança, pra continuar a viver

Dormir não é tão fácil; acordar já não tem mais prazer
O sol me cega aos poucos; a lua demora a aparecer
Meu fim já está tão próximo, não quero mais te ver
Não quero mais...
Lutar não é, assim, tão fácil
Se estou sozinho e sem você

Não acredito mais em minha mudança, vejo tudo desaparecer
Eu já estou sem nenhuma esperança, pra continuar a viver
Meus olhos estão sangrando, pelo fato de não mais te ver
A boca está secando, demora até para beber
Só sobrou uma garrafa, com dois dedos pra me entorpecer
E tudo isso é tão triste, porque estou sozinho, sem você
        

II

O amor em si já é despedaçado
Necessita de dois lados
Unidos por inseguranças e medos sombrios
Cercados pelas trevas túrgidas de seu corpo esfacelado
Sobreponho-me diante de meus medos
Na desesperança que desista de seus sonhos
Sua realidade de teflon sobre mim
Zumbi! Sigo minha morte, sem sua vida
Rodeado de Diabos santos, no céu do Demo que habita em mim
Evacuo minha mente com uma seringa
Permitindo que por meio de um cateter, você possa sair de mim
Meu ecocardiograma não mostra mais um coração
Mapeia um bolo de carne moída por isso, que chamam de paixão
Já não vejo mais esperança para mim
Ergo com toda minha força a batalha pela qual tento me redimir
Olhos cegos, ouvidos surdos e janelas de concreto
A desesperança de não ter mais esperança tritura meu ego
Convencendo-me, do que escrevo aqui!